Arte, poesia, exclusão social. Quando essas três coisas se associam, a sinergia é de transformação, de crescimento, de empoderamento, de pavimentação das trilhas da cidadania acontece.
É assim que pensa Maria dos Mares, presidente da Associação de arte e cultura “Nova Paisagem”, entidade sem fins lucrativos, situada no município de #Cabedelo e dedicada ao desenvolvimento de programas de promoção social e artística que ampliem o universo crítico cultural da comunidade e a sua capacidade de ação frente aos problemas socioeconômicos e de toda ordem ali enfrentados.
#Cabedelo, cidade portuária, está entre aqueles municípios que arrecadam os maiores Produtos Internos Brutos do Estado. Polo turístico e de desenvolvimento, o município não retorna aos seus cidadãos, as benesses dessa colheita. Dados informais retirados do blog da Associação “Nova Paisagem” dão conta da existência de “dezenove favelas ou assemelhados com mais de 3000 domicílios ou loteamentos irregulares e cortiços.”
Essa pequena faixa de terra, limitada a leste por um litoral de praias onde veraneia uma população de alto poder aquisitivo e a oeste pelo importante polo turístico conhecido como #Jacaré, #Cabedelo apresenta os sintomas claros de uma cidade em que a política não pensa nos cidadãos, mas antes propicia a mercantilização, os lucros fáceis, a capitalização da natureza e do turismo em favor de projetos empresariais individuais ou de grupos econômicos empenhados sobretudo na especulação imobiliária e-ou financeira.
Jardim Alfa, uma das dezenas de favelas da cidade, arregaçou as mangas e está reciclando a vida dos seus moradores. Crianças, adolescentes, adultos, pessoas com deficiência, num galpão emprestado, criam peças de artesanato, buscam apoio na arte, dão-se as mãos e tentam reverter o quadro desvantajoso e que fatalmente, Brasil a fora, tem empurrado milhões de pessoas aos rincões da clandestinidade social.
Na noite da última quinta-feira, 17 de outubro, a comunidade de Jardim alfa em peso esteve no Restaurante Café São Jorge, no centro de João Pessoa, para um ato de solidariedade que reuniu poesia, arte e inclusão. O poeta Lau Siqueira acabou de publicar seu último livro de poemas, na coleção “Instante&Estante”, da Editora #Castelinho, Porto alegre.
Entusiasta das causas populares, militante pela cidadania nos trilhos da arte e da poética. Lau Siqueira doou toda a renda do seu lançamento aos projetos da favela Jardim alfa, disseminando com esse gesto, a ideia de que a arte compartilhada é como a semeadura de um novo lugar, um solo onde se pode sair da invenção das utopias, para a sua materialidade.
Que as pequenas pílulas poéticas de Lau Siqueira, encravadas no coração do Jardim alfa, disparem mais solidariedade nessa rega em que a principal colheita tem de ser a valorização da dignidade humana, a cidadania.
(Saiba mais sobre a Associação “Nova Paisagem” em http://www.novapaisagem.blogspot.com).