Não lute contra essa sua visita noturna. Ela vem de dentro, como uma clareira, estende-se sobre a sua noite como um lençol amarelo, como se ainda guardasse a aridez de alguma planta onde esteve estendido, secando suas horas. Permita que ela fique, escute todas as suas falas, o seu script meio esquizofrênico, zaping sobre todos os temas nos quais você daria tudo para não pensar agora. Não se revolte. Tenha paciência com ela. Drible a sua insônia, escutando o vago bulício da madrugada viva, sentindo na pele a brisa suave, cheirando às flores do jardim da casa vizinha.Permita-se ficar acordada, respire fundo, invente uma canção. E saiba disso com todas as letras: Estar insone é uma coisa que só acontece com os que estão vivos.
Insônia
Publicado por Joana Belarmino
Jornalista, professora de Jornalismo na Universidade Federal da Paraíba, Mestra em Ciências Sociais, Doutora em Comunicação e Semiótica. Escritora, membro do Clube do Conto da Paraíba, Observadora credenciada do #OPJor, Observatório Paraibano de Jornalismo; coordenadora do projeto de extensão #MonitoraUFPB, analisando a qualidade da acessibilidade nos portais de notícias da Paraíba. Ver todos os artigos por Joana Belarmino
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