Gabi, minha neta de nove anos teve um natal tranquilo. Ganhou seus presentes, tocou violino para a família reunida, executando com maestria o clássico “Hoje a Noite é Bela”.
No domingo, 22 de dezembro, conversando comigo, Gabi confessou que somente uma coisa iria faltar no seu natal: Não haveria neve.
Pensamos sobre o assunto e começamos a sonhar juntas. “Só se o mundo desse um giro e a neve da Europa viesse pra cá”, brinquei com ela.
Conversa daqui, conversa dali, começamos a inventar uma estória.
– Quem poderia nos ajudar a girar o mundo?
Gabio olhou pro céu e logo tivemos a ideia de pedir ajuda às nuvens.
Chamamos nuvem-galinha, nuvem-golfinho-com a cauda torta, nuvem-papagaio, nuvem-foca, nuvem-boca de jacaré, nuvem-porco, nuvem-cabeça de cavalo o e explicamos a todas que queríamos neve no natal de Gabi.
As nuvens tremeram, giraram, fugiram. E, naquela corrida desabalada, deixaram uma mensagem para nós: “Somente Nimbus poderia nos ajudar”.
– Nimbus, quem é Ninbus? Perguntei a Gabi.
– é a grande nuvem toda de água, explicou ela, contando que aprendeu isso nos desenhos animados sobre escoteiros.
E mesmo naquele momento, Gabio avistou Nimbus, a grande nuvem cheia de água que faz chover.
Contamos a Nimbus o nosso dilema, massa grande nuvem, pesada como estava, não entendeu direito aquele estranho pedido.
Gabi explicou novamente, olho fito no céu, mirando a grande e gorda Nimbus: – Se não der pra girar o mundo todo, poderia girar somente a parte em que fica nosso prédio. A neve viria pra cá e toda a nossa rua ficaria encantada, e todo mundo sairia de casa, e viria sentir a neve, brincar com a neve…
a grande nuvem pensou, pensou, por fim salpicou a grama com pequenas gotas das suas sílabas líquidas: “No natal, tudo pode acontecer, inclusive neve no verão”.
Veio a noite de natal, e Gabi, completamente esquecida da sua neve, foi abrindo seus presentes, um por um: Um capacete novo para suas corridas de bicicleta, uma coleção de enfeites de cabelo, um vestido todo florido, livros infantis…
E a neve? Somente eu ainda pensava na nossa deliciosa conversa com as nuvens, somente eu ainda esperava pela vaga promessa de Nimbus, de que o mundo girasse, de que a neve da Europa fizesse plantão na fachada do nosso prédio, espalhasse sua brancura por nossa grama, batucasse no asfalto, sua alegra canção de natal.
Intimamente abri a porta, desci as escadas, pé ante pé, imaginei um asfalto coberto do tapete branco de neve inventei bonecos e bonecos de neve, e depois fundi todos eles num alegre e barrigudo papai Noel.
Que lindo, mainha. Podia ser perfeitamente um livro infantil. Linda estória. Beijos!
Obrigada, Nana. Gabi é expert em inventar nomes para as nuvens.
Que lindo, mainha. Podia ser perfeitamente um livro infantil. Linda estória! Beijos