Que queres que te diga? Fomos escutar o rio, aquele caudal discursivo de milhares de quilômetros, fala líquida e universal, ora calma, ora encapelada, a bramir sua força, a desdobrar sua multiplicidade de cheiros, cheiros inventados entre o limo e a terra, cheiros de vida e de morte, entrecruzadas.
Depois, no Forte de São José, que deveria se chamar Forte dos Negros, tocamos na pedra desbastada enquanto no meu íntimo, encenou-se novamente o tear da morte, vida despedaçando-se naquelas altitudes, quando tudo ainda era força de mão de obra, suor e sangue.
E ali, perto da floresta que não pudemos ir visitar, teci no meu coração, um refúgio de floresta outra, onde houvesse grama verde e cheirosa, e onde o rio ainda pudesse entoar para mim, uma canção de ninar.