O jornalismo mundial vive uma crise sem precedentes. No que toca aos postos de trabalhos dos jornalistas, o fenômeno que ficou conhecido como “a revoada dos passaralhos”, tem se espalhado pelas empresas, pondo fim a milhares de postos de trabalho, com uma rapidez inquietante. A crise mais recente do capitalismo, ladeada pelas transformações que o paradigma tecnológico traz para os processos da divisão do trabalho, rearticulação de funções, que têm sido cada vez mais delegadas à autonomia das máquinas, parecem ser os principais fatores deflagradores dessa crise.
Se nas sociedades anteriores as que agora vivenciam as mudanças vividas no século XXI, o jornalismo tinha a primazia da coleta, investigação e distribuição da informação, hoje, vem perdendo esse lugar de centralidade, visto que as sociedades estão permanentemente no que poderíamos chamar de “esfera conectada”, ali onde todo mundo tem acesso à informação ao mesmo tempo.
A mídia comercial brasileira entretanto, parece não ter ainda compreendido essa retumbante lição. Produzindo informação para um público específico, uma classe dominante sintonizada com os interesses do capital mundial, e, no caso brasileiro, empenhada em responder à face mais reacionária da política, a mídia comercial ignora as vozes plurais da sociedade, despreza a variedade das suas expressões, e, parece passar ao largo dessa esfera da opinião pública conectada, a qual também produz, distribui e recebe informação.
A mídia comercial brasileira, com raríssimas exceções, transformou-se num partido de voz única, divorciando-se completamente do ideário clássico pensado para o jornalismo, tido como sustentáculo das democracias, como vigia e defensor dos cidadãos, como caixa de ressonância das vozes plurais da sociedade.
Mídia e sociedade vivem um divórcio que parece não ter, a longo prazo, forma alguma de reconciliação. Por outro lado, o trabalho distribuído e entregue à sociedade pelas empresas de comunicação, fere de morte o exercício do jornalismo, inibe, quando não oblitera completamente, o discurso crítico, interpretativo, colocando no ar, uma cobertura tão pífia que não precisaria sequer de cérebros, de trabalho de pensamento, para tal produção.
De fato, quando os drones chegarem à prática jornalística, quando robôs deixarem de ser mera novidade em feiras científicas e substituírem cérebros de humanos em coberturas de grandes eventos, a sociedade não sentirá diferença alguma. A cobertura insípida, redundante, crivada de adjetivos que a mídia tem produzido, talvez seja um pouco melhorada, quando os robôs trabalharem com seus algorítimos de produção de notícias, quando os drones chegarem para as suas coberturas.
Antes que os drones cheguem, antes que invadam de vez o trabalho de produzir e distribuir notícias, o que se oferta à sociedade, é um jornalismo panfletário, uma espécie de new lacerdismo,crivado de imperícias na apuração e coleta dos dados, arenga apressada e homogênea, , ecoando em todas as mídias,