Plásticos e Carbonáceos: Nossas Terríveis Pegadas no Planeta Terra

 

Das espécies vivas, somos talvez a mais curiosa, a mais inventiva, a que mais experimenta modelos de organização econômica e sociocultural. Tanto que os cientistas querem oficializar uma nova era geológica, toda ela inaugurada a partir da ação da espécie humana no planeta. O nome tem status e celebridade. O impacto dessa era sobre a vida do planeta, entretanto, nos deixa a pensar sobre o que realmente fizemos em nome do progresso e desse modelo de desenvolvimento atual.

O termo Antropoceno, foi cunhado na década dos oitenta do século passado, pelo ecólogo americano Eugene Stoermer, para ilustrar o impacto das populações humanas no ambiente. Um recente estudo publicado pela revista Science, demonstra entretanto, que já podemos oficializar a era geológica do antropoceno, a partir de evidências que já se incorporaram à geografia do planeta desde os anos 50 do século XX, e que, poderão ser detectadas na terra daqui a milhões de anos, mesmo quando já não estivermos aqui.

Ultrapassamos o Holoceno, período geológico de cerca de 11 mil anos, mas não há como nos orgulhar desse feito. O mais recente modelo civilizatório de desenvolvimento, pós revolução industrial, legou à geografia da terra, novos tipos de rochas e minerais, que conforme revela o estudo da revista Science, refletem uma rápida disseminação global de alumínio puro, concreto e plástico.

Mas não é só isso. A queima dos combustíveis fósseis vem espalhando por todo o planeta, esferas de cinza e fuligem, além de novas partículas inorgânicas e carbonáceas, as quais ficarão incorporadas aos sedimentos da terra por milhões e milhões de anos.

Inventamos os tecnofósseis. Termo cunhado pelos cientistas para esses materiais que sobreviverão até um futuro distante, mesmo que nossa espécie venha a ser extinta.

Nossos rastros vão mais além, nos trilhos da transformação destrutiva dos ecossistemas do planeta. Em poucos séculos, estimativas desses estudos preveem a destruição de mais de setenta por cento das suas espécies vivas.

Nosso modelo industrial de desenvolvimento aquece o planeta, alterando profundamente os ciclos climáticos, através do fenômeno conhecido como efeito estufa. Queremos habitar sobretudo nas zonas urbanas. Desmatamos, construímos represas para nosso abastecimento de água, e não criamos alternativas para a reposição dos recursos naturais, que consumimos com uma ganância desmedida.

A ameaça maior vem do nosso apetite bélico, que inaugurou a era atômica, com pelo menos duas explosões na segunda guerra, e com dezenas de testes ao longo da era atual. Essas terríveis peripécias depositaram no solo do planeta, um excesso do carbono 14, versão mais pesada do átomo de carbono, corroborando com essa nossa assinatura, a passagem do holoceno para o antropoceno.

Mudamos o planeta, com um apetite sem igual, mas, podemos não gostar da resposta que a terra nos dará.

 

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