Já não Há golfinhos no Tejo

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A Política e as Teses da Mídia

Encerradas as eleições brasileiras, algumas teses fundamentais circulam pela mídia comercial e repercutem nas redes sociais. A primeira delas desenvolve o argumento do “país dividido” e sintoniza-se imediatamente com a segunda, ou seja, aquela que eu chamaria de “pessimismo propagado”.

A tese do “país dividido”, difundida com maestria pelos âncoras da mídia comercial privada, fortalecida pelos discursos de políticos eminentes, como o ex presidente Fernando Henrique Cardoso,insufla numa sociedade fraturada pelas disputas políticas, preconceitos que colocam o nordeste e seus habitantes na rota do atraso, da ignorância, como se essas fossem, aliás, marcas inscritas no dna do povo que habita essa região do país.

O “pessimismo propagado”, a segunda tese que a mídia comercial cultiva com esmero, desde os primeiros dias do governo Dilma,e que teve o seu ponto culminante na cobertura dos preparativos para a Copa do Mundo 2014, tem sido retomada com ardor nos noticiários pós-eleição, onde o que mais se ouve são as adverbiações do tipo: “Será muito complicado”, “grande alta da inflação”, “muita dificuldade para governar”, “empresários temerosos não vão investir no pais”, etc, etc.

As redes sociais têm sido a grande arena de fortalecimento de um campo completamente minado por disputas, onde exibem-se desde as facetas mais sutis do preconceito, à uma descarada intolerância contra os nordestinos, revelando a face fundamentalista da conviviabilidade,da solidariedade social, da convivência com o contraditório.

Penso que por trás dessa cobertura do “país dividido”, levanta-se a velha hipótese de que o povo brasileiro, agora nordestino, não sabe votar. Ancoras de tevê, no afã de fazer valer suas explicações, afirmam   que o resultado favorável à presidenta Dilma Rousseff deveu-se ao fato de que aqui, as pessoas são mais dependentes dos poderes públicos e temem perder as suas conquistas ou ganhos advindos com políticas sociais. Propagam essa suposta verdade sem a menor sem-cerimônia, sem sequer avaliarem os números absolutos que demonstram que não foi somente o nordeste o responsável pela votação majoritária da presidenta.

O que a mídia não revela, é que o nordeste vem gradativamente qualificando o seu voto. Até muito recentemente, a região votava majoritariamente nas oligarquias, entretanto, os últimos pleitos demonstram uma preferência significativa por uma política que poderíamos chamar de resultados. A mensagem das urnas nordestinas foi clara: Defendeu-se um projeto de país, que se não é o melhor, é aquele que melhor defende os interesses do povo.

A mídia comercial privada sai enfraquecida desse embate político. Distanciada dos processos de cidadania e justiça social, encerra-se num pessimismo sem medidas e fortalece as polarizações e divisões que ganham fôlego na esfera das redes sociais.